Wilde Alves

Em Alexandria a coisa está preta!

As torneiras só têm água duas vezes por mês. Os moradores da zona urbana que possui reservatório talvez consigam armazenarem alguns litros e economizando consigam esperar o dia que jorrará o precioso líquido nas ociosas torneiras das casas alexandrienses. 

A coisa fica preta mesmo, como sempre, é para os mais humildes, tanto os da zona urbana, como os da zona rural. Sem água, não resta alternativa a não ser recorrer aos caminhões pipas. Aqueles que ainda encontram uma brecha em seu apertado orçamento conseguem comprar alguns litros d’água. 

O breu total é para os que se dirigem ao poder público em busca de socorro, pois batendo as portas da secretaria de obras, transporte e urbanismo na esperança de conseguirem um caminhão pipa para levar um pouco d’água a suas casas se defrontaram não com a solução do seu problema, e sim com o agravamento do mesmo. 

Pois, as palavras do secretário são curtas e diretas, “além de terem que comprar a água terá que abastecer o carro da prefeitura, o município só disponibiliza o carro e o motorista”. Estive em Alexandria na semana passada e conversando com populares os mesmos relataram este fato, confesso que fiquei na duvida sobre a veracidade de tamanho absurdo praticado por esta secretaria com os mais sofridos. 

Então, só tinha um meio de verificar a autenticidade desta falta de humanidade protagonizada pelo executivo municipal com a população menos favorecida do município, indo à prefeitura e foi exatamente o que fiz. Chegando a sede do executivo, indaguei a uma atendente pelo prefeito e a resposta dada, que não se encontrava, até aí nenhuma novidade. 

Fui falar com um secretario sobre o assunto e o mesmo disse-me que não era com ele e me encaminhou ao secretário competente. Sigo para a sala do secretário de obras, transporte e urbanismo e chegando lá espero ele concluir uma conversa com um cidadão, aí eu o cumprimento e vou direto ao assunto que me levara à sede do poder municipal, estas foram literalmente minhas palavras: “meu caro Leilson, como podemos conseguir uma pipa d’água na sua secretaria” e de pronto ele diz, “comprando a água e abastecendo o caminhão” e retruquei não entendi, que dizer que compro a água e abasteço o carro da prefeitura, diz ele, exatamente. 

Portanto, qualquer duvida sobre o que me informaram não existia mais, em Alexandria a população é quem bota o combustível nas pipas. Diante da confirmação, indago ao secretário, se é a população que abastece os caminhões, como você explica a conta mensal referente à combustível de sua secretaria ser tão alta, ele refletiu por alguns segundos e respondeu: “é dos abastecimentos das maquinas”. Ele querer que acreditemos nisso é subestimar a capacidade de discernimento das pessoas. 

E não sabe ele, que disseram que as maquinas quem abastece também é a pessoa para a qual este equipamento vai prestar algum serviço. Esta informação não precisa ser confirmada, basta aplicar o critério da proporcionalidade, um caminhão que consume bem menos, a população abastece e imagine as maquinas que gastam bem mais combustíveis.

Vamos refletir, o secretário mora em Alexandria e vive o mesmo problema da escassez de água igual a qualquer outro morador da cidade. Então, se precisar de um abastecimento ele vai colocar combustível no caminhão da prefeitura com recursos próprios, quem acredita em papai Noel, talvez ache que sim.

Alexandria sai prefeito entra prefeito e os velhos costumes continuam enraizados nas administrações públicas, não importando qual ideologia política o gestor exercite. Todos os alexandrienses sabem que fui um ferrenho critico do governo do Sr. Alberto Patrício. No entanto, comparando a gestão anterior com a atual, a gestão passada era um convento de freiras em relação à gestão presente em Alexandria. Digo isto, porque hoje temos acesso a informações que no governo passado não estavam disponíveis. 

Tive acesso a um rol de pagamentos realizados pela prefeitura que no mínimo carece de uma analise mais aprofundada, pois são valores altíssimos. Com base na Lei nº 12.527/2011(lei de acesso a informações), foi protocolado os pedidos de informações nas secretarias de Saúde e Educação do município de Alexandria. porem, antes de pedir as informações nos dois órgãos municipais enviei duas mensagens ao prefeito dizendo-lhe que gostaria de conversar com ele sobre assuntos do seu interesse, a primeira respondeu com um ok, passado algum tempo, mandei a segunda sendo mais objetivo qual seria o assunto, esta o silêncio foi a resposta. 

Procedi desta forma porque todos os alexandrienses sabem que o prefeito não mora na sede do município, mora em Natal capital do estado. Sabendo-se que o gestor não vive o dia a dia na cidade, e diante disso foi dado o beneficio de ele não conhecer alguns atos praticados no seu governo.

  

Tendo em mãos documentos assinados pelo prefeito dando poderes a assessor para fazer movimentações bancarias: (fazer transferências, abrir contas, retirar cheques, fechar contas e etc.).  

No silêncio, resolvi iniciar os pedidos com as duas secretarias e na seqüência virão às outras e toda aquela instituição que receba recursos públicos. Dentro de minhas limitações vou lutar com toda a força e os meios que estiverem à disposição para que tudo aquilo que está na lei seja garantido aos cidadãos. 

Pedir que o gestor público cumpra a lei é um crime, ou crime é ele não respeitar as normas vigentes em um estado democrático de direito. Até onde sei, o prefeito de Alexandria é escravo da lei e não é dessa vez que vai deixar de fazer aquilo que está escrito na norma legal. 

Espero e confio. Vamos ver se quem administra o dinheiro público que pertence ao cidadão alexandriense tem compromisso com a transparência, ou será preciso que o fiscal da lei o obrigue a ser.

Na próxima divulgarei o conteúdo dos documentos que foram protocolados nas duas secretarias. E dentro do possível vou mostrando as empresas que recebem dinheiro da prefeitura de Alexandria.